A passagem entre Consciente e Inconsciente é realmente problemática na tentativa de elaboração freudiana do aparelho psíquico. De acordo com Freud, nossa atividade psíquica se movimenta em duas direções, a saber:
Parte das pulsões – vai ao Inconsciente – passa para a atividade consciente de pensamento.
Começa no estímulo externo - vai ao Consciente Logo ao Inconsciente – até os investimentos de carga Inconsciente do Eu e dos Objetos.
No entanto, é importante destacar a função que o pré-consciente cumpre neste processo. Ele viabiliza o trânsito entre os conteúdos de ideias para que possam se comunicar e se influenciar. Além disso, o pré-consciente insere uma ordem temporal nos conteúdos, introduz censuras às ideias para submetê-las ao princípio de realidade. Bem como funciona como o lugar da memória consciente que se difere dos traços de memoria inconsciente. Os conteúdos do pré-consciente derivam da percepção e do inconsciente.
A topografia dos atos mentais de Freud se interroga acerca da mudança de lugar e de estados nos sistemas Consciente – Pré-consciente – Inconsciente. Dessa forma, a passagem de um conteúdo do Inconsciente para o Consciente pode ser entendida de duas formas:
1) como um novo registro.
2) como uma mudança funcional de estado.
Segundo o psicanalista Daniel Omar Perez, isso parece introduzir um paradoxo no mecanismo dos sistemas. Na primeira suposição (tópica), a ideia pode estar registrada simultaneamente no Inconsciente e no Consciente. Na segunda suposição, a situação se complica. Parece haver uma mudança de estado e dois registros da mesma representação. O próprio Freud reconhece a complexidade dessa hipótese que aparece como uma solução aberta e passível de ser interpretada de diferentes formas por distintos pesquisadores ou usada de acordo com o caso pelos clínicos (Perez, 2012, p.110-11).